7 de dezembro de 2010

Entrevista Exclusiva com: Vasco Santos (Árbitro de 1ª Categoria)

Vasco Santos nasceu a 31 de Agosto de 1976, tem 34 anos e é natural de Vila Nova de Gaia. É arbitro de 1ª Categoria e é a primeira 'Personalidade Gaiense' a ser entrevista pelo 'A Bola é Redonda'. Esta é uma nova rubrica do blog, que sempre que possível, dará a conhecer gaienses que se evidenciam pelo mundo do desporto a nível nacional. 
Vasco Santos esteve no passado fim-de-semana no jogo entre o Feirense e o Moreirense, que terminou com vitória para os homens de Santa Maria da Feira por 2-1, com uma grande penalidade apontada já muito perto do final, que deu a vitória ao Feirense. No geral, a actuação de Vasco Santos foi considerada positiva pela imprensa em geral.
Ao longo desta entrevista, o árbitro fala da sua paixão pela arbitragem, sobre a profissionalização da classe, dá concelhos aos juízes gaienses em crescimento e deixa uma mensagem aos leitores. Não perca!




A Bola é Redonda (ABR) - Vasco Santos, como é que surgiu a paixão pela arbitragem?

Vasco Santos (VS) - A paixão surgiu por acaso, pois eu ainda era jogador de futebol e decidi, por brincadeira com uma pessoa amiga, tirar o curso de árbitro. Após o fim do curso tive um desentendimento com o meu treinador e decidi acabar como jogador e experimentei fazer alguns jogos como árbitro e assistente, o qual fiquei a gostar. Além disso os colegas mais experientes com quem eu fiz esses jogos disseram-me que tinha jeito para o fazer e foi a partir daqui que se iniciou a paixão pela arbitragem.


ABR - A caminhada até chegar à 1ª categoria foi difícil?

VS - Como todas as carreiras, também esta é uma caminhada difícil, pois tem que se ultrapassar vários escalões para a atingir. Além disso a arbitragem é uma actividade muito exigente, pois "obriga" a privar-nos de muitas coisas.


ABR - Qual foi o jogo que mais gosto lhe deu dirigir?

VS - Todos os jogos me dão gosto de dirigir, desde as escolas a nível distrital até aos jogos dos campeonatos profissionais.


ABR - E qual foi o jogo mais difícil que já apitou até ao momento?

VS - Todos os jogos são difíceis, pois exigem muita atenção e concentração.


ABR - Tem-se falado muito na profissionalização dos árbitros. Qual é a sua opinião sobre esse assunto?

VS - Eu sou a favor da profissionalização. Apesar de saber que é um processo difícil de por em prática, já tive o privilégio de fazer fazer parte do processo piloto que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional testou na época passada. Constatei de minha parte que o mesmo era benéfico para nós, árbitros.


ABR - Acha que essa situação fará com que o trabalho dos árbitros seja considerado mais transparente?

VS - Isso da transparência já vai da mentalidade da nossa sociedade. Agora, para nós, árbitros, iria permitir que nos pudessemos dedicar ainda mais à actividade da arbitragem.


ABR - Outro assunto muito discutido nos últimos tempos é a introdução das novas tecnologias no futebol. Tem alguma opinião formada sobre este tema?

VS - Prefiro não emitir nenhuma opinião sobre este assunto para não ser mal interpretado.


ABR - Nas competições da UEFA as equipas de arbitragem são compostas por cinco elementos. Na sua opinião, essa situação vem favorecer o desempenho do juiz de campo ou não traz nada de novo?

VS - Neste capitulo estou perfeitamente á vontade para falar, pois já desempenhei esta função em vários jogos da UEFA e posso dizer que a experiência é bastante positiva, pois ajuda no desempenho do árbitro. Só a nossa presença ali ajuda a evitar certas atitudes dos jogadores. Agora como é óbvio existirão também erros de análise.


ABR - Em Gaia o desporto tem evoluído a um nível bastante aceitável, tendo neste momento três equipas a disputar Campeonatos Nacionais. Tem acompanhado o desempenho das equipas do Concelho?

VS - Nem sempre, de vez em quando vejo os resultados nos jornais.


ABR - Sendo gaiense é perfeitamente natural que sinta afecto por algum clube. Qual é?

VS - Por nenhum em especial.


ABR - Existem alguns nomes de árbitros gaienses que se destacam a nível distrital, casos de Bruno Linhares ou Hélder Casanova. Que conselhos lhe pode transmitir para que eles vinguem neste mundo difícil que é a arbitragem?

VS - Que trabalhem e que se dediquem diariamente à arbitragem, pois a arbitragem não é só os jogos. É preciso desenvolver as suas capacidades físicas, técnicas, teóricas e mentais. O que nos exige que percamos muito tempo e que nos privemos de muitas coisas que outras pessoas não o fazem.


ABR - Sendo árbitro de futebol, está sempre mais exposto às críticas que o seu trabalho pode gerar. Como lida com essas criticas?

VS - As criticas dão alento para trabalhar mais e melhor, para ter desempenhos positivos.


ABR - Durante um jogo, com certeza que já teve noção de ter errado na avaliação de um lance mais difícil. Como lida com essa situação?

VS - Já me aconteceu. O que fiz após isso foi voltar a concentrar-me ainda mais no jogo, para não voltar a errar.


ABR - Depois de uma partida apitada por si, costuma rever a sua actuação? A que conclusões chega sobre o seu desempenho?

VS - Revejo todos os meus jogos para corrigir o que correu menos bem e para aperfeiçoar as coisas que correram bem.


ABR - Que objectivos ainda pretende atingir na sua carreira?

VS - Até ter idade para o atingir, é ser árbitro internacional.


ABR - Por último gostava que deixasse uma mensagem aos leitores do blog.

VS - Gostava de dizer aos leitores que vissem os árbitros como parte integrante de um jogo, para que o mesmo seja um bom espectáculo, em que apenas têm que fazer cumprir as leis do jogo e como todos outros intervenientes, são humanos e também cometem os seus erros. Posso garantir uma coisa, não há pessoa que fique mais chateada que um árbitro, quando um erro por ele é cometido, do que o próprio árbitro.

1 comentário:

António disse...

Uma entrevista bem conduzida e com respostas bastante sóbrias. Os árbitros erram porque são humanos e, tal como em todas as actividades, (ao contrário do que a arbitragem por vezes faz passar), há bons e maus árbitros, não são todos bons ou honestos. Acredito que a maioria sejam honestos, mas, tal como no caso de treinadores, dirigentes, atletas, nem toda a gente é honesta e competente no desporto. Parabéns pela entrevista e boa sorte para o árbitro Vasco Matos e para o blog.