20 de julho de 2006

O defeso…

No rescaldo do mundial e com alguns dos jogadores dos três grandes ainda a gozar férias, devido precisamente à participação no mesmo, viram-se as atenções para o tão badalado defeso. Nesta altura um tanto crucial da época futebolística que aí se avizinha, temos já praticamente todos os clubes que fazem parte da 1ª Liga já em estágios de pré-época, com as movimentações de mercado necessárias para apetrechar os seus planteis o melhor possível. O clube a dar o pontapé de saída nesta pré-época foi o Benfica, que iniciou o seu estágio em Nyon, na Suiça, ainda decorria o Mundial. Este iniciar de época mais cedo que os outros todos, deve-se ao facto de o clube encarnado estar presente na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. O Benfica apresentou já alguns reforços. Rui Costa, Miccoli, Katsouranis e Paulo Jorge são as caras novas no plantel, que ainda não pertenciam aos quadros benfiquistas. De resto mais caras novas apareceram neste estágio, casos de Manu, Diego Souza, e José Fonte, jogadores que perteciam ao Benfica, mas que tinham actuado por empréstimo noutras paragens durante a época finda. Fernando Santos, também ele uma cara nova no universo encarnado, está a espera de pelo menos mais duas “prendas”, e já pediu um mais um avançado e um lateral esquerdo.

O Campeão Nacional foi o segundo clube a apresentar-se ao trabalho, tendo-o feito no dia 10 do corrente mês, no entanto antes disso garantiu as contratações de João Paulo (ex-Leiria) logo no fim da época, Diogo Valente (ex-Boavista), Ezequias (ex-Académica) e mais recentemente Tarik Sektiui (ex- AZ Alkmaar). Se João Paulo e Diogo Valente são jogadores que têm um currículo que faz deles opções validas para Adriaanse, o mesmo já não se poderá dizer de Ezequias e Sektiui. O primeiro vem ocupar uma posição onde existem Pedro Emanuel e Cech, ou seja, no lado esquerdo da defesa, embora também possa jogar mais adiantado e passar para médio. Esta contratação requer um pouco de calma e paciência, pois o jogador vem de um clube de menor dimensão e embora tenha excelentes recortes técnicos, pode não se adaptar com a rapidez necessária e pode pôr a época em risco. O marroquino Sektiui é um completo desconhecido do público português, mas não do futebol. Quem se lembra da época 98/99? Pois é… Este jogador actuou no Marítimo dessa temporada, emprestado pelo Auxerre. No entanto não chegou a efectuar muitos jogos, uma vez que se lesionou com alguma gravidade pouco tempo depois de cá chegar.

O terceiro clube a entrar em acção foi o Sporting, poucos dias depois do FC Porto, mais precisamente a 14 de Julho. Devido à contenção orçamental que tem vindo a ser seguida de há uns anos a esta parte, o Sporting é o clube que menos reforços apresenta dos três grandes, nesta altura do ano. Assim sendo as caras novas são Farnerud, um sueco que transita do Estrasburgo, Moisés, que provem do Cruzeiro para o eixo da defesa e Paredes, que regressa assim ao futebol português, proveniente do Reggina, clube que representou após a saída do FC Porto. Os leões andam no mercado ainda à procura de um avançado.

Os restantes clubes também já estão no terreno a preparar a próxima época e também se vão movimentando no mercado. Mais uma vez o mercado brasileiro é o privilegiado por estes clubes. No entanto, outros mercados começam a ser explorados. O polaco é exemplo disso. Depois do tiro certeiro do Vit. Guimarães em Saganowski na época passada, eis que chegam agora mais dois compatriotas, que lhe vão tentar seguir as pisadas: são eles Kazmierczak e Grezelak, ambos para o Boavista. Alias, o Boavista conseguiu recuperar dois filhos pródigos: Ricardo Sousa por empréstimo do Hannover e Mário Silva que pertence por inteiro aos axedrezados. O Boavista é dos clubes que mais se reforçou até agora, contando já com 10 caras novas.

Quem também conta com muitas caras novas é o Estrela da Amadora, que já conseguiu recrutar nada mais, nada menos do que 14 novos atletas. A diferença desta época reside no facto de grande parte destes jogadores pertencerem mesmo aos quadros estrelista, tendo entrado no clube a custo zero, ao contrário da temporada transacta, em que a grande maioria dos jogadores que ingressaram no clube fizeram-no a titulo de empréstimo. Uma dos nomes mais sonantes do plantel estrelista é o sportinguista Luís Loureiro. O Sp. de Braga também se reforçou bem. Os arsenalistas pouco mexeram no plantel, mas o que mexeram, mexeram-no bem. Assim vamos poder ver na próxima temporada a actuar no 1º de Maio jogadores como João Pinto (ex-Boavista), Paíto (ex-Guimarães), Maciel (ex-FC Porto), Zé Carlos (ex-Marítimo), Ricardo Chaves (ex-Setúbal), Dani (ex-Corunha) e Irineu (ex-Cruzeiro). Neste defeso e na minha opinião, há uma contratação que merece ser a mais sonante, embora o jogador em questão tenha perdido algum protagonismo nos últimos tempos. Refiro-me a contratação por parte do Beira-Mar, do temível Mário Jardel. O super-Marío, como outrora foi chamado, regressa ao campeonato que o projectou, e segundo palavras do próprio, quer recomeçar tudo de novo e esquecer o tempo perdido. Mas as coisas estiveram um pouco más para o seu lado, quando falhou a data para se apresentar. No entanto e depois de Inácio ter referido que se a justificação fosse valida, o goleador teria as portas abertas, parece que tudo se resolveu e de facto o brasileiro vai vestir mesmo de amarelo e preto na próxima temporada, tendo prometido ser o melhor marcador do campeonato. De resto o jogador já integrou o estágio do clube aveirense em Avança. Por entre contratações e mais contratações, o campeão das compras neste defeso até ao momento é o Gil Vicente. O clube de Barcelos, que ainda anda a braços com o caso Mateus, contratou nada mais, nada menos do que 15 novos jogadores. Sim 15. Éum numero um tanto ao quanto estranho para um clube que normalmente luta para não descer e passou grande parte da época a queixar-se da falta de dinheiro e de apoios. Nestes 15 atletas, João Vilela e João Pereira (ambos ex-Benfica) cotam-se como os nomes mais sonantes.

Mas o defeso não é feito só de compras. Há que vender, ou pelo menos emprestar. Assim, nos três grandes houve de tudo. O FC Porto até ao momento apenas vendeu Diego ao Werder Bremen, tendo emprestado alguns jogadores, que até actuaram no onze da época transacta, casos de Ivanildo, Hugo Almeida, ou Sonkaya. Surpreendentemente, César Peixoto, que tão bem desempenhou a função de lateral esquerdo até se lesionar, acabou dispensado.
Nos encarnados, Geovanni (Cruzeiro), Robert (Levante), Carlitos (Sion) e João Pereira (Gil Vicente), foram as caras que até ao momento abandonaram o clube, estando em dúvida à hora da elaboração deste texto, a confirmação da saída de Manuel Fernandes para o Portsmouth.
No Sporting, Nelson, Hugo, Sá Pinto e Koke abandonaram o clube.
Nos restantes clubes e à semelhança das contratações, também um bom número de jogadores abandonou os respectivos clubes para outras paragens. Casos mais sonantes: Gregory (Gil Vicente-Maritimo), Zé Carlos (Marítimo-Sp. Braga), Paulo Jorge (Boavista-Benfica), Diogo Valente (Boavista-FC Porto). Mas a transferência mais sonante deste defeso até ao momento, foi a que envolveu a ida de Hilário para o Chelsea, deixando assim a titularidade no Nacional para ocupar o lugar de terceiro guarda-redes do Campeão Inglês.

Neste defeso também já houve contratações falhadas e alguns nomes continuam em dúvida. O Benfica tentou a contratação de Andres D’Alessandro junto do Wolfsburgo, mas à última da hora e com o jogador a fazer pressão para jogar no Benfica, o seu passe é vendido aos espanhóis do Saragoça, que apresentaram uma proposta semelhante à do Benfica em termos de números, tendo garantido o jogador ao apresentar as garantias bancárias exigidas pelos alemães.
É sabido que os três grandes procuram um ponta de lança. Existem dois nomes na berlinda. Diego Tristan, jogador do Corunha e Jan Vennegoor Hesselink jogador que pertence aos quadros do PSV Eindhoven. O holandês está conotado ao FC Porto, já esteve dado como certo, mas certo é que ainda nada assinou nem apalavrou, tanto mais que os azuis e brancos devem estar para ceder, pois o preço exigido pelo PSV é superior ao que o FC Porto oferece. O espanhol está conotado a Benfica e Sporting, segundo o presidente do Corunha, Augusto César Lendoiro. José Veiga já veio desmentir o presidente dos catalães, assim como os dirigentes do Sporting também já o fizeram. O “A Bola é Redonda” sabe de fonte segura, que o interesse leonino é real, esbarrando apenas na vontade do jogador de ser cedido a titulo definitivo e não por empréstimo como é da vontade leonina. O jogador parece no entanto, estar a caminho do Levante, pois este recém promovido está a montar uma grande equipa, e está disposto a comprar o passe do atleta. Entretanto aguardam-se desenvolvimentos durante a semana.

Mas não é só a nível de jogadores que o defeso é feito. Os treinadores também entram na dança. Dos 18 clubes da 1ª Liga, 7 mudaram de treinador. Benfica, Sp. Braga, Boavista, Académica, Nacional, Estrela da Amadora e União de Leiria, vão estrear novos comandantes na próxima temporada.
O Benfica volta a apostar num treinador português. É necessário recuar até 2001/2002, para ver-mos um treinador nacional no banco encarnado, na altura Jesualdo Ferreira.
Jesualdo Ferreira, que este ano trocou o Sp. Braga pelo Boavista. É uma troca algo inesperada, tanto mais que os bracarenses estão a viver uma das suas melhores épocas desde que Jesualdo assumiu o comando da equipa. Quem beneficia com isso é o Boavista, que assim pode juntar mais um bom “reforço” na luta pela Europa. Para o seu lugar no Braga entrou Carlos Carvalhal, que entre outros já orientou Leixões e Belenenses. Carlos Brito vai ocupar o lugar deixado por Manuel Machado no Nacional, depois de ter perdido, enquanto treinador do Boavista, o acesso as competições europeias para este Nacional. Carlos Brito vai assim ter oportunidade de se estrear na UEFA como treinador. Manuel Machado vai ocupar o lugar de Nelo Vingada na Académica. Esta foi mais uma troca estranha, tanto mais que Vingada conseguiu atingir o objectivo da permanência e estava a desenvolver um bom trabalho em Coimbra.
Estrela da Amadora e U. Leiria vão apadrinhar a estreia de dois jovens treinadores na 1ª Liga. Daúto Faquirá sentar-se-á no banco estrelista. Mais uma surpresa a juntar às outras já referidas, pois Toni desenvolveu um trabalho bastante meritório na Reboleira, conseguindo manter o clube na 1ª Liga, apesar de todas as dificuldades inerentes a um clube pequeno. E se não é um bom trabalho classificar uma equipa recém promovida no 9º lugar, com a permanência garantida a algumas jornadas do fim, tendo batido o pé aos grandes, nomeadamente ao FC Porto e Sporting, então não sei o que é um bom trabalho.
A União vai apadrinhar a estreia de mais um técnico na 1ª Liga, mas também nestas andanças. Domingos Paciência, ex-jogador do FC Porto, que na última temporada orientava as camadas jovens dos dragões. Espero que a União não tenha optado mal, à semelhança daquilo que aconteceu com José Gomes na última temporada, tendo depois sido substituído por Jorge Jesus, com os resultados que se conhecem. Os restantes clubes mantêm os seus treinadores, havendo este ano uma novidade: existe apenas um treinador estrangeiro a iniciar o campeonato. Esperemos que assim se mantenha.

10 de julho de 2006

Itália conquista o Tetra

A Itália é a nova Campeã do Mundo, substituindo assim o Brasil e atingindo o tetracampeonato, objectivo que fugia a 24 anos.
Esta final entre franceses e italianos foi aquilo que se esperava. Um jogo um tanto ao quanto parado, mas de vez em quando mexido.
Lippi fez alinhar Buffon, Zambrotta, Materazzi, Cannavaro e Grosso na defesa, o meio campo foi constituído por Gattuso, Pirlo e Perrotta, Totti Camoranesi e Luca Toni na frente de ataque. Domenech repetiu os onze que jogaram frente a Portugal: Barthez, Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal, Makelelé, Vieira e Zidane, Ribery, Malouda e Henry.

A França entrou praticamente a ganhar. Aos 7 minutos de jogo, Malouda fugia pela esquerda, ganhando posição já dentro da área para alvejar a baliza de Buffon, quando Materazzi derruba o avançado. Horácio Eliozondo, o árbitro nomeado para dirigir esta final, não teve dúvidas e apontou para a marca da grande penalidade. Zidane, chamado a converter, marcou em jeito, a bola subiu um pouco de mais, embateu na barra, mas acabaria por bater para lá da linha de golo, embora depois tivesse saído da baliza. Estava feito assim o primeiro golo do jogo, o que de certa forma poderia dar mais algum interesse, uma vez que agora os italianos teriam que abordar de maneira diferente, os cerca de 80 minutos que ainda lhes restava.

Os italianos correram então atrás do prejuízo e tiveram uma oportunidade flagrante, quando Toni envia a bola à barra da baliza de Barthez. Aos 19 minutos de jogo, chegaria então o golo italiano: canto apontado por Pirlo, para o centro da área, onde Materazzi subiu mais que Vieira e cabeceou para o fundo das redes. No entanto parece que o defesa azzuri se apoia no jogador francês. Eliozondo nada assinalou.
A partir daqui, ambas as equipas jogaram para as grandes penalidades. O jogo caiu nalguma monotonia, fruto do grande rigor táctico existente, sem nenhuma das equipas a arriscar o que quer que fosse. É certo que se disputava um título mundial, e que é necessário ter algumas cautelas, mas também não era necessário enrolar o jogo. O intervalo chegou sem que nenhuma oportunidade flagrante de golo fosse criada.

No segundo tempo, mais do mesmo. Embora a França tivesse entrado mais pressionante, e tivesse tido algumas boas oportunidades de desfeitear Buffon, o certo é que com o passar do tempo, essa pressão deixou de ser exercida e passou a ser mais contenção. No entanto, os italianos, ao seu estilo matreiro, nada fizeram para alterar o rumo dos acontecimentos. Uma das poucas situações de perigo, foi criada precisamente pelos italianos, quando na sequência da marcação de um livre, Toni introduz o esférico no fundo da baliza gaulesa. No entanto, o fiscal de linha já tinha anulado o lance por fora de jogo do avançado da Fiorentina. Na repetição pode-se verificar que não é Toni que está em posição irregular, mas sim De Rossi, o que pode ter confundido o auxiliar.
Até ao fim pouco ou nada se passou, com ambos os bancos a efectuarem as alterações necessárias com vista a mais meia hora de jogo e, quem sabe, definir a vencedor por penaltis.

Já no prolongamento, a melhor oportunidade pertenceu aos franceses. Sagnol efectuou um excelente cruzamento, que encontrou a cabeça de Zidane sem oposição no centro da área. O francês cabeceou para Buffon efectuar a defesa da noite.
Este prolongamento e esta final ficam marcados pela expulsão de Zidane. O francês foi expulso apos agredir Materazzi com uma cabeçada no peito, faltavam cerca de 10 minutos para o fim do período extra. Tudo aconteceu na sequência de um canto favorável aos franceses. O central tentou segurar o médio francês, este não gostou e terá iniciado uma troca de palavras, que culminou com o acto irreflectido de um jogador que tem fama de pacifista. Eliozondo foi alertado pelo seu auxiliar, tendo exibido a cartolina vermelha ao jogador, que efectuava o ultimo jogo de uma carreira recheada de títulos e sucesso.

O jogo foi assim para os pontapés da marca de grande penalidade, situação que era completamente desfavorável aos transalpinos, que nunca tinham vencido um jogo que tivesse que ser desempatado desta forma. Desta feita a tradição quebrou-se e com 100% de eficácia, pois alem de ter vencido, a Itália não falhou nenhum penalti, tendo apontado os 5 da primeira série. Para os franceses, Trezeguet falhou a sua grande penalidade, e permitiu a festa azzuri, no relvado do Olímpico de Berlim.

O Melhor do jogo

Aqui destaco a Itália, pois venceu o jogo e consequentemente o Mundial, alcançando assim o tão almejado tetra. Neste momento os italianos estão atrás do Brasil, que detêm cinco títulos mundiais, sucedendo-lhe.

O Pior do jogo

Nunca esperaria ter que colocar Zidane nesta zona da minha análise. Mas não me resta outra hipótese, pois a atitude irreflectida que teve ao investir de cabeça contra Materazzi, sem nenhum motivo aparente, e mesmo que o tivesse, nada justificava este acto, não deixa margem para dúvidas. Manchou uma carreira recheada de sucesso e títulos pelos clubes por onde passou, nomeadamente pela Juventus e pelo Real Madrid. Em dia de despedida dos relvados, Zidane demonstrou não estar a altura do grande jogador que é, deixando os relvados pela porta pequena. É uma pena, ele que até tinha tudo para ser considerado como o melhor jogador em campo, fruto de mais uma boa exibição durante os minutos que esteve em campo.

O Árbitro

Já tinha dito aqui, nomeadamente depois do jogo Inglaterra-Portugal, que este árbitro estava a ser um dos melhores do torneio. Com justiça foi-lhe atribuída a final, e logo a primeira vez que apita numa competição desta envergadura. Sempre muito sóbrio na condução dos lances, não teve nenhuma influência no resultado e esteve bem no lance que deu origem à grande penalidade sobre Malouda. Embora Materazzi vá de perna encolhida, o certo é que derruba o avançado gaulês, quando este se preparava para alvejar a baliza transalpina. Não se inibiu nem se desorientou no lance que ditou a expulsão de Zidane, tomando uma atitude pedagógica depois de ter consultado o seu auxiliar, ao explicar o porquê do cartão vermelho ao jogador francês. Um arbitro ao nível de uma final de uma competição como esta.

Portugal termina em 4º lugar


Portugal terminou a sua participação no Campeonato do Mundo num honroso 4º lugar. Apesar de ter ficado com a impressão de que poderia ter sido alcançado uma outra posição, o certo é que este quarto lugar premeia uma geração de jogadores que durante bastante tempo deu tudo pela nossa selecção. Jogadores como Figo e Pauleta, que ontem puseram um ponto final nas suas carreiras internacionais, saem pela porta grande e com o sentido de dever cumprido.

O jogo de ontem poderia ter tido outro resultado. Tanto Alemanha, como Portugal, efectuaram um jogo bastante emocionante. Foi um jogo digno de uma final. Portugal demonstrou uma frescura física que não tinha demonstrado frente a França. Talvez se o tivesse feito não estaria a disputar este “rebuçado” dado pela FIFA.

Scolari apresentou um onze com algumas mexidas, fruto das lesões de Miguel e Figo e o castigo de Ricardo Carvalho. Assim, na baliza esteve Ricardo, a defesa foi constituída por Paulo Ferreira na direita, Nuno Valente na esquerda e Meira e Ricardo Costa no eixo, Costinha, Maniche e Deco no meio do terreno, Simão, Cristiano Ronaldo e Pauleta no ataque.
Klinsmann apresentou um onze também com algumas alterações, tendo desta feita, dado a oportunidade a Oliver Kahn de alinhar de inicio. Este seria também, o ultimo jogo do guardião pela selecção germânica. Assim a Alemanha apresentou Kanh na baliza, Lahm, Metzelder, Nowotny e Jansen na defesa, o meio campo foi constituído por Kehl, Frings, Scheneider e Schweinsteiger, na frente Klose e Podolski.

Os germânicos entraram melhor, e pressionaram logo de inicio os portugueses, que acabaram por recuar no terreno, fruto de uma maior força no miolo do terreno, onde Kelh e Frings estavam à vontade, e conseguiam servir Klose e Podolski com algum perigo. Logo no início do jogo, os alemães reclamaram uma grande penalidade, por suposta mão na bola de Nuno Valente apos um remate forte de um alemão. Portugal respondeu e Deco criou a primeira situação de perigo, furando a defesa e cavando uma falta à entrada da área, que Simão bateu não muito longe da baliza de Kahn. Portugal equilibrou as coisas à passagem do quarto de hora, e durante alguns minutos conseguiu empurrar a Alemanha para o seu meio campo. Neste período, Pauleta teve nos pés o primeiro golo português, aos 15 minutos quando apareceu isolado frente a Kahn, mas não conseguiu bater o guardião. Portugal continuou a exercer alguma pressão, pois os extremos iam sendo as melhores unidades, e Deco mostrou uma maior predisposição do que no jogo com a França. No entanto Portugal foi perdendo esse domínio, o que voltou a dar aos alemães o controlo do jogo. Até ao intervalo nada de relevante se passaria. No reatamento da partida o descalabro. Em cinco minutos o sonho de igualar 1966 desmoronou-se aos pés de um jogador: Schweinsteiger. A fazer lembrar o Euro 2000, noite em que Sérgio Conceição despedaçou esta mesma Alemanha, o jovem extremo pegou na bola, fugiu pelo corredor esquerdo, flectiu para o meio e desferiu potente remate que surpreendeu tudo e todos. A bola tomou uma trajectória que apanhou Ricardo em contrapé e anichou-se na baliza portuguesa. Era o primeiro golo alemão e a primeira explosão de alegria no Gottlieb-Daimler, em Estugarda. Portugal tentou reagir, mas o extremo não deixou. Cinco minutos volvidos, o jogador alemão ganha uma falta que o próprio bate, o pontapé saiu forte e pelo caminho encontrou o pé de Petit, entrado ao intervalo a substituir o amarelado Costinha, tendo desviado a bola para o fundo das redes, sem que Ricardo nada pudesse fazer. Nesta altura o sonho estava quase desfeito, e os alemães exultavam de alegria, tanto nas bancadas, como no relvado. Neste período, Portugal reagiu e voltou a pegar no jogo, tendo nos pés de Deco a primeira oportunidade para reduzir a diferença, mas Kahn opôs-se, desviando para canto. Scolari mexeu novamente na equipa e aos 69 minutos retirou Nuno Valente e fez entrar Nuno Gomes, numa aposta claramente atacante. Aos 70 minutos, Pauleta teve novamente o golo nos pés, mas não conseguiu desfeitear o guarda-redes germânico. Com Portugal a tentar reduzir a desvantagem, sem no entanto ter ideias, Scolari lançou Figo, talvez para a despedida do capitão. Tirou Pauleta e Figo ainda não se tinha posicionado devidamente no terreno, quando mais uma vez Schweinsteiger rematou forte de fora da área, fazendo o 3-0. A equipa resignou-se e aos 88 minutos, Figo centrou para o mergulho de Nuno Gomes, fazendo assim um bom golo e reduzindo para 3-1.

Até ao final, os jogadores portugueses ainda acreditaram que seria possível, mas já jogavam com o coração e não conseguiram alterar o marcador.
Portugal saboreou mais uma vez o travo amargo da derrota, depois de ter perdido na meia-final com a França por 1-0. Fica a ideia que estes números são um pouco exagerados, em função daquilo que a selecção portuguesa jogou nos 92 minutos de jogo.

O Melhor do jogo.

Sem duvida que este título vai para Schweinsteiger. O extremo alemão voltou dos balneários com o intuito de destruir o sonho português, de alcançar o terceiro lugar. E qual Panzer alemão, passou por cima de toda a selecção e fez dois grandes golos de belo efeito e ainda obrigou Petit a introduzir a bola na sua própria baliza. Fez lembrar a noite endiabrada de Sérgio Conceição no Euro 2000.

O Pior do jogo

É difícil encontrar o pior do encontro. Penso que o pior tenha sido mesmo o resultado, que me parece um pouco pesado para aquilo que a selecção nacional fez durante os 90 minutos. Portugal apresentou-se com uma boa condição física o que proporcionou um bom espectáculo. Apenas pecou na finalização, pois Pauleta teve por duas vezes o golo nos pés, surgindo outras tantas vezes na frente de Kahn.



O Árbitro

Esteve razoável. Sem deslumbrar, o certo é que também não complicou. Como bom japonês, Toru Kamikawa, fez da correcção o seu cartão de visita e controlou o jogo de uma maneira justa. Exibiu cinco cartões amarelos, todos eles justificados e terá tido um ou dois lapsos durante todo o jogo. Uma actuação razoável de um árbitro que surpreende por ter sido nomeado para uma meia-final depois de ter aparecido apenas por duas vezes nesta fase final.

6 de julho de 2006

E acabou o sonho……

Acabou o sonho… Mais uma vez, caímos aos pés da França numa meia-final.
O jogo começou com as duas equipas expectantes. Estudaram-se mutuamente, o que acabou por tornar o jogo um pouco enfadonho. Scolari fez alinhar o melhor onze português, com Ricardo na baliza, a defesa foi constituída por Miguel na direita, Nuno Valente na esquerda, Meira e Ricardo Carvalho no centro. O meio campo foi constituído por Costinha, Maniche e Deco no vértice. A frente de ataque ficou a cargo de Cristiano Ronaldo, Figo e Pauleta.
Por seu turno Domenech fez alinhar Barthez na baliza, Sagnol na esquerda, Abidal na direita, Gallas e Thuram no centro. O meio campo foi constituído por Vieira e Makelelé com Zidane mais adiantado, na frente Ribery, Malouda e Henry.

O jogo, como já disse, teve alturas em que foi enfadonho, o que fez com que não tivesse sido um grande jogo. A atesta-lo, a ausência de grandes oportunidades de golo de ambos os lados. A França acabou por começar um pouco mais perigosa, com um remate cruzado logo nos primeiros minutos, por parte de Malouda. Portugal respondeu, com Deco a rematar de zona frontal, obrigando a uma estirada do guardião francês. Pauleta acabou por chegar atrasado à recarga. As equipas acabaram por explorar o contra-ataque, situação que surge do grande rigor táctico a que assistimos das duas partes. Foi numa dessas situações que Henry ganhou posição, depois de ser desmarcado por Zidane, e conseguiu “sentar” Ricardo Carvalho, que acabaria por tocar o jogador francês na sequência da queda. Jorge Larrionda não teve dúvidas e assinalou para a marca da grande penalidade. Zidane não se inibiu perante a presença de Ricardo e bateu forte para o golo. Portugal reagiu de uma forma pouco ambiciosa, não imprimindo muita velocidade no ataque. Já perto do intervalo uma situação duvidosa na área de Barthez. Centro de Figo do lado direito, Cristiano Ronaldo divide o lance com Sagnol que põe a mão nas costas do português. O arbitro nada assinalou, mas o certo é que houve contacto entre os jogadores, ficando por decidir a velha questão da intensidade. O intervalo chegava, com a sensação de que se poderia ter jogado mais.

No reatamento nada de novo. Portugal entrou na mesma toada, um jogo lento, cansado, mesmo aquilo que interessava aos franceses. O meio campo continuava sem ideias, Deco quase não apareceu, Maniche também passou despercebido, o que fez com que o jogo não fluísse. Os franceses abdicaram por completo de atacar, preferindo ficar na contenção do ataque português. Se a imprensa francesa estava preocupada com as trapaças e o teatro dos portugueses, devem agora estar sumamente preocupados com o anti-jogo praticado pelos “bleus”. A oportunidade mais flagrante dos franceses pertenceu a Henry, que conseguiu ganhar a Meira, rematando com força. Ricardo opôs-se bem, mas deixou passar a bola por baixo do corpo. Ainda bem que estava desenquadrado com a baliza. Depois deste lance o perigo não voltou a rondar a baliza lusa.
A partir deste momento a equipa portuguesa tomou conta do jogo, mas não foi eficaz na construção de jogo. Pauleta continua a ser uma unidade a menos no ataque, e apenas se viu perto da meia hora, quando conseguiu, numa nesga de espaço dada por Thuram, alvejar a baliza de Barthez. Muito pouco para que é o melhor marcador de todos os tempos da nossa selecção. Scolari começou então as substituições, embora a primeira tenha sido forçada, devido à lesão de Miguel. Para o seu lugar entrou Paulo Ferreira. Depois foi mesmo o ponta de lança a sair, para dar lugar a Simão. Uma substituição habitual, mas que nada de novo trouxe ao ataque português. Mais tarde entrou Postiga, mas desta vez para o lugar de Costinha, aqui sim, uma aposta mais atacante do treinador português. No entanto pouco resultou, pois Postiga também não esta no melhor momento.
A equipa continuou a pressionar a defesa francesa, mas o certo é que Thuram e Gallas são intransponíveis pelo jogo aéreo, o mais utilizado pelos portugueses, e Abidal e Sagnol mostraram-se acertados. Domenech entretanto também mexeu na equipa, e tirou Henry, Malouda e Ribery, para fazer entrar Gouvou, Wiltord e Saha.
À semelhança do jogo com a Inglaterra, Portugal não efectuou praticamente nenhum remate de fora da área, nem procurou criar situações que levassem a marcação de livres directos, tendo bons executantes em campo. Cristiano Ronaldo, o mais inconformado dos portugueses, cavou a única falta perigosa perto da área francesa, que ele próprio marcou, obrigando Barthez a uma defesa difícil, tendo mesmo largado a bola, o que proporcionou a melhor oportunidade de golo português, tendo Figo falhado a recarga final. Até ao fim os portugueses dominaram territorialmente, mas sem assustar a impávida defesa francesa.
Mais uma vez o sonho ficou-se por isso mesmo, perante uma equipa francesa que fez valer a experiência dos seus elementos para chegar a final. Sendo assim só resta aos portugueses conseguir atingir o terceiro lugar, no sábado em Estugarda, frente à Alemanha.

O Melhor do jogo

É difícil escolher o melhor jogador do encontro, pois a mediocridade reinou nos 22 jogadores. Ainda assim destaco Zidane, pois foi ele que fez o passe para Henry cavar o penalti, marcou o golo e tem trazido a França às costas, principalmente nesta segunda fase da prova.
O Pior do jogo

Aqui tenho que destacar o colectivo de ambas as equipas. Foi um jogo muito táctico, enfadonho, que acabou por favorecer os franceses, principalmente depois do golo marcado. Não houve velocidade de nenhuma das equipas, para isso também devera ter contado o desgaste já existente, mas nem a motivação de jogar uma meia-final alterou essa situação.

O Árbitro

O árbitro esteve bem. Embora em algumas situações tenha favorecido os franceses, principalmente em pequenas faltas a meio campo, o certo é que as grandes decisões do encontro, na minha opinião, foram bem ajuizadas. O penalti sobre Henry, parece justo. O toque de Ricardo Carvalho é suficiente para derrubar o atacante francês, pois os movimentos são contrários. No lance de Ronaldo, talvez o mais duvidoso, parece-me que também ajuizou bem, pois apesar de haver contacto, parece-me que o Cristiano também se aproveitou do facto. Ricardo Carvalho viu um amarelo que o deixa de fora do jogo de Estugarda, mas aqui o juiz também esteve bem, pois a falta é merecedora do cartão. Errou apenas ao não mostrar o cartão a Vieira, ainda no primeiro tempo, quando este impediu um contra-ataque perigosíssimo dos portugueses. Não foi por aqui que Portugal não venceu o jogo.

As substituições

Não fosse a lesão de Miguel a obrigar à entrada de Paulo Ferreira e os jogadores a entrar em campo teriam sido os mesmos. Talvez aqui esteja o único ponto negativo desta caminhada. Pauleta foi desde o jogo com Angola, claramente uma unidade a menos no ataque português. Fica a impressão que este jogador não é talhado para as grandes competições. Foi assim em 2002 na Coreia, embora tenha marcado 3 golos à Polónia, o certo é que não existiu nos outros 2 jogos, foi assim no Euro 2004, competição em que não marcou nenhum golo e tem vindo a ser assim neste mundial. O seu substituto, Hélder Postiga, também não tem justificado a chamada ao onze, ficando então Nuno Gomes como terceira opção, tendo apenas actuado 15 minutos contra o México. Talvez se justifica uma oportunidade ao jogador no jogo do 3º e 4º lugar.
O substituto habitual, Simão, sempre que entrou imprimiu mais velocidade ao ataque. No entanto esta substituição de Pauleta por Simão acaba por se tornar ineficaz, pois se a vantagem de ter Simão é baseada no facto de ganhar mais velocidade nas alas, surgindo mais cruzamentos para a área, pois Simão ganha muito bem as linhas para depois centrar, ela acaba por ser perdida, pois não há ninguém na área para corresponder aos cruzamentos efectuados, ficando a impressão que o consequente movimento de Cristiano Ronaldo para a posição de Pauleta se torna ineficaz perdendo-se uma referencia de área, pois embora Ronaldo tenha boa impulsão e bom jogo aéreo, não tem o poder de choque que um ponta de lança tem. A substituição de Costinha por Postiga denotou mais ambição, pois retirou um médio mais defensivo para reforçar a frente de ataque, passando a jogar em 4x2x4, com Simão e Figo nas alas e Postiga e Ronaldo na frente. Só que Postiga também não esta num bom momento, pois tem passado sempre ao lado dos jogos que tem feito. A entrada de Paulo Ferreira foi forçada, uma vez que Miguel saiu lesionado.

4 de julho de 2006

Portugal-França Mais um jogo de história

Portugal e França vão defrontar-se na próxima quarta-feira, às 20h em Munique, para decidir quem chega a final do Campeonato do Mundo Alemanha06.
Estas duas selecções já se defrontaram por 21 vezes e o saldo é claramente favorável aos “bleus”, totalizando 15 vitórias, tendo empatado apenas por uma vez, cabendo a Portugal cinco vitórias.
De todos estes jogos, apenas dois têm cariz oficial. De resto são todos jogos amigáveis ou de preparação para alguma competição importante.
Estes jogos oficias, correspondem aos Campeonatos da Europa de 1984, disputado na França, e que foi vencido pelos locais, e no Bélgica/Holanda em 2000, que foi vencido curiosamente também pela França.
Pode-se dizer que a estatística sorri claramente aos franceses, mas também já sorria aos ingleses, e isso não impediu que fossem derrotados. Se quisermos levar a superstição mais à seria, podemos constatar que sempre que a França defrontou Portugal na meia-final de uma competição, saiu vencedora. Aconteceu em 84 e aconteceu em 2000.

O jogo de 84 foi um dos mais emotivos de história dos confrontos entre as duas equipas. A França tinha uma das melhores selecções de sempre, onde despontava jogadores como Platini, Fernandez, Giresse, Tigana ou Lacombe. Portugal tinha Bento, Jordão, Nené e sobretudo um miúdo chamado Chalana.
Portugal ficou integrado no grupo 2 e dividia-o com a Espanha, finalista vencido, a RFA, detentora do troféu e a Roménia. Depois de ter surpreendido ao empatar no primeiro jogo com a RFA a zero, seguiu-se mais um empate, desta feita com nuestros hermanos e uma vitoria por 1-0 frente aos romenos, o que fez com que Portugal totaliza-se 4 pontos, os mesmos dos espanhóis, perdendo apenas no goal average, o que determinou que nos classificasse-mos em 2º lugar e defrontar o 1º classificado do grupo 1. Esse 1º classificado foi a França, que passeou no grupo, tendo vencido os três jogos, totalizando 6pts e 9 golos marcados contra apenas 2 sofridos, o que dizia bem do poderio gaulês.

A meia-final disputou-se no Estádio Velodrome, em Marselha, e como seria de esperar a França adiantou-se no marcador, quando Domerge marcou de livre directo aos 25 minutos. Já toda a gente festejava a vitória francesa, e Jordão a 15 minutos do fim, marcou o golo da igualdade, levando o jogo para o prolongamento, perante o olhar incrédulo dos franceses. E o prolongamento começou da melhor forma, pois Jordão voltaria a marcar na sequência de um centro da direita de Chalana. Estavam decorridos 8 minutos de jogo. Só que o futebol gaulês foi mais forte e a pressão exercida pela equipa da casa foi crescendo, Portugal começou a recuar e Domerge voltaria também ele a marcar, fazendo assim o seu segundo golo e o segundo francês. O balde de água fria chegou aos 119 minutos, mesmo antes do apito final Platini fez o 3-2, para gáudio dos da casa, contrastando com o desespero dos portugueses, que tinham visto instantes antes Nené falhar o golo. Fica para historia a quase coroação de Chalana como melhor jogador do torneio, titulo atribuído a Platini, pelos 9 golos marcados na prova.

Em 2000 a historia foi mais ou menos a mesma. Na 1ª competição organizada por dois países diferentes, Bélgica e Holanda, Portugal integrava o Grupo A, um dos mais fortes, senão o mais forte. Os restantes países eram a Inglaterra, a Alemanha e novamente a Roménia. Depois de um jogo épico frente aos ingleses (mais um!) que depois de estarem a vencer por 2-0, viriam a ser derrotados por 2-3, com golos de Figo, João Pinto e Nuno Gomes, a selecção venceria a Roménia com um golo de Costinha já nos instantes finais, e levaria de vencida a Alemanha com uma vitoria concludente por 3-0, com os golos a serem todos apontados por Sérgio Conceição. Portugal acabaria assim na 1ª posição com 9pts, seguido da Roménia com 4. Para trás ficaram surpreendentemente a Inglaterra e a Alemanha.

A França por seu turno integrou o Grupo D, com a Holanda (um dos anfitriões), a Rep. Checa e a Dinamarca. Os franceses vinham da ressaca do Campeonato do Mundo de 98, realizado precisamente na França, que se sagrou vencedora, acabou por começar bem a prova, vencendo a Dinamarca por 3-0, seguindo-se a Rep. Checa por 2-1, perdendo depois com a Holanda por 2-3. Com estes resultados os gauleses acompanharam os holandeses na passagem à fase seguinte, tendo-se classificado no segundo lugar com 6pts.

Franceses e portugueses voltaram-se a encontrar nas meias-finais da competição, depois de terem afastado nos ¼ Espanha e Turquia respectivamente.
Tal como em 84, nas duas selecções despontavam grandes valores, como Figo, Nuno Gomes, Sérgio Conceição ou Rui Costa, pelos lusos, Henry, Barthez, Vieira ou Zidane pelos franceses. O jogo decorreu em Bruxelas, e Portugal foi o primeiro a marcar por intermédio de Nuno Gomes aos 16 minutos de jogo. Depois deste golo, Portugal passou a dominar o encontro até ao intervalo, sem no entanto voltar a marcar. O intervalo caiu bem aos franceses, que logo no reatamento fizeram o golo da igualdade através do inevitável Henry. O jogo foi para o prolongamento, que decorria no sistema de morte súbita, depois renomeado de golo de ouro. E esse golo de ouro sorriu aos franceses, depois de Abel Xavier ter metido inocentemente a mão à bola, já dentro da pequena área. Encarregue da marcação da grande penalidade, Zidane não falhou e apurou os “bleus” para mais uma final de uma grande competição internacional. Tal como em 1984, antes deste lance decisivo, Sérgio Conceição tinha tido uma oportunidade flagrante para terminar com a partida. Depois do golo estalou a polémica, pois Abel Xavier, Paulo Bento e Nuno Gomes foram severamente castigados pela UEFA, com o primeiro a cumprir 7 meses de castigo e os outros dois 6, por alegadamente ter agredido e desrespeitado o arbitro e o fiscal de linha que viu a mão de Xavier. Tal como em 84, Figo perdeu o título de melhor jogador do torneio para Zidane.

Os restantes jogos resumem-se a amigáveis, que ajudam a criar uma estatística altamente desfavorável aos portugueses, tanto mais que já não vencemos a França desde 1975. Daí para cá, 7 jogos e outras tantas derrotas. Mas como o futebol não é só estatística, há que jogar e dar tudo por tudo para vencer e chegar a final de Berlim e esta selecção tem tudo para conseguir esse feito histórico. Depois… Logo se verá. Mas seria espectacular Portugal ser Campeão Mundial.

Histórico dos jogos entre Portugal e França.

18/04/1926 França-Portugal 4-2
16/03/1927 Portugal-França 4-0
29/04/1928 França-Portugal 1-1
24/03/1929 França-Portugal 2-0
23/02/1930 Portugal-França 2-0
28/01/1940 França-Portugal 3-2
14/04/1946 Portugal-França 2-1
23/03/1947 França-Portugal 1-0
23/11/1947 Portugal-França 2-4
20/04/1952 França-Portugal 3-0
24/03/1957 Portugal-França 0-1
11/11/1959 França-Portugal 5-3
03/03/1973 França-Portugal 1-2
26/04/1975 França-Portugal 0-2
08/03/1978 França-Portugal 2-0
16/02/1983 Portugal-França 0-3
23/06/1984 França-Portugal 3-2
25/01/1996 França-Portugal 3-2
22/01/1997 Portugal-França 0-2
28/06/2000 França-Portugal 2-1
25/04/2001 França-Portugal 4-0


Equipas do França-Portugal de 1984

França: Bats, Batiston, Le Roux, Bossis e Domerge, Tigana, Fernandez e Giresse, Platini, Didier Six e Lacombe

Portugal: Bento, João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Álvaro Magalhães, Jaime Pacheco, Frasco e Sousa, Diamantino, Chalana e Jordão

Equipas do França-Portugal de 2000

França: Barthez, Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu, Deschamps, Vieira e Petit, Zidane, Anelka e Henry

Portugal: Vítor Baia, Abel Xavier, Fernando Couto, Jorge Costa e Dimas, Vidigal, Costinha e Rui Costa, Sérgio Conceição Figo e Nuno Gomes.

3 de julho de 2006

E Portugal já está nas meias-finais!!


Depois de mais um jogo impróprio para cardíacos, a nossa selecção conseguiu mais um feito histórico, ao qualificar-se para as meias-finais do Campeonato do Mundo, ao fim de 40 anos. Depois dos magriços em 66, esta selecção volta a atingir um lugar entre as 4 melhores selecções a nível mundial. Scolari e os seus rapazes provaram mais uma vez que só com muita humildade e trabalho, se atingem os resultados necessários. Mas vamos ao jogo propriamente dito.

Nesse campo, as duas selecções fizeram um jogo muito cauteloso, chegando por vezes a ser táctico de mais, para o valor de ambas as equipas. Embora compreensível, pois estávamos num jogo a eliminar e numa fase adiantada da prova, onde qualquer precipitação pode custar a passagem a fase seguinte, o certo é que se esperava mais, devido aos bons valores individuais de ambos os conjuntos.

Scolari fez alinhar de início Tiago ao lado de Maniche, em vez de Simão, mantendo Figo encostado à ala direita e dando de novo a faixa esquerda a Cristiano Ronaldo, depois de este ter estado em dúvida durante quase toda a semana. No meio campo, Petit substituiu o expulso Costinha e a defesa manteve os quatro pilares, Miguel, Meira, Ricardo Carvalho e Nuno Valente. Na frente Pauleta era o artilheiro de serviço, enquanto que Ricardo continuou a defender, e bem, as redes nacionais.
Do lado inglês, Eriksson jogou com Robinson, Neville, Terry, Ferdinand e Ashley Cole, Hargreaves, Beckham, Gerrard, Lampard e Joe Cole, na frente Rooney.

O jogo começou com a Inglaterra no comando, tal como acontecera em 2004. Os médios portugueses não conseguiam sair a jogar, fruto da grande pressão exercida pelos jogadores ingleses que roubavam todos os palmos de terreno existentes. Só aos 11 minutos, Portugal chegou com relativo perigo à baliza de Robinson, depois de Ronaldo ter pegado na bola e ter rematado forte, ainda de fora da área. No minuto seguinte, o golo esteve nos pés de Tiago. Falta batida da direita do ataque português, Neville oferece a bola a Tiago, que distraído, não consegue fazer o remate. A partir deste momento o jogo ficou um pouco mais equilibrado, mas com os ingleses a espreitar o contra-ataque sempre com algum perigo. O intervalo chegou sem que as equipas tivessem desfrutado de uma flagrante oportunidade de golo.

No reatamento, uma contrariedade para Eriksson, que acabaria por quase ser determinante no desfecho do encontro. Beckham foi substituído logo aos 52 minutos, e para o seu lugar entrou Lennon. Este jogador veio trazer uma dinâmica diferente ao jogo, pois a velocidade imprimida por este jogador foi impressionante e muito trabalho deu a Nuno Valente. Alias, as jogadas mais perigosas do conjunto inglês, saíram dos pés deste jogador. Aos 62 minutos, uma enorme contrariedade no conjunto inglês. Rooney é expulso depois de ter calcado nas partes baixas, Ricardo Carvalho. Horácio Eliozondo, que estava a escassos metros do lance, não teve dúvidas e deu ordem de expulsão ao jogador inglês. A partir deste momento, o jogo partiu-se e Scolari fez a primeira substituição, tirando Pauleta, que tinha estado perdido durante todo o encontro no meio dos centrais ingleses e fez entrar Simão, passando Ronaldo a ocupar o lugar de ponta de lança. Eriksson respondeu, tendo feito entrar a torre Peter Crouch, para o lugar de Joe Cole, passando a jogar em 4x4x1.

Depois deste momento, Portugal passou a dominar numericamente e territorialmente o jogo, implantando-se quase por completo no meio campo inglês. Scolari mexeu mais duas vezes, fazendo entrar Hugo Viana e Postiga, para os lugares de Tiago e Figo respectivamente. Antes de sair o capitão português proporcionou a defesa da tarde a Robinson, quando da cabeça da área rematou em jeito, com selo de golo, vendo o guardião inglês voar, para com uma palmada evitar o golo português. Este domínio revelou-se infrutífero, pois os portugueses não tiveram a clarividência necessária para tentar fazer mais remates de fora da área, e não foi por falta de executantes, pois em campo estavam Maniche, Petit e Hugo Viana, que rematam muito bem de meia distância. A Inglaterra já no fim dos 90 minutos, teve soberana oportunidade para matar o jogo, mas Terry não acertou no alvo. O prolongamento chegou em boa hora para os ingleses, que conseguiram aguentar durante mais 30 minutos as investidas portuguesas. Já no fim do prolongamento Maniche teve nos pés o golo da vitória, mas atirou por cima.

Nas penalidades, mais suspense. Depois de Simão ter marcado muito bem o seu penalti, Ricardo começou a sua epopeia. Defendeu o remate de Lampard, que em dois anos não tinha desperdiçado nenhum, viu depois Hugo Viana atirar ao lado, por pouco não defende o de Hargreaves, volta a ver mais um desperdício, desta feita de Petit, mas consegue depois defender o remate de Steven Gerrard, e o de Carragher, para depois exultar com o golo de Cristiano Ronaldo. Pelo meio, Postiga, desta vez sem o pontapé a Panenka, também bateu Robinson.

No fim da partida o desalento dos jogadores ingleses contrastava com o ambiente de festa dos portugueses, que ao fim de quatro décadas chegam novamente as meias-finais de uma grande competição. Os ingleses confirmam a regra de nunca vencer um jogo que acabe no desempate por grandes penalidades. Para a história fica o registo de Ricardo ser o primeiro guardião num mundial a defender três grandes penalidades no mesmo jogo.

O Melhor do jogo

Nesta matéria, ao contrário da FIFA, que escolheu Hargreaves (!), eu escolho Ricardo. É certo que o médio inglês fez uma bela partida, tendo tido alguns bons apontamentos, mas Ricardo foi o garante da passagem dos portugueses à fase seguinte e alem de ter defendido três grandes penalidades, entra na história precisamente por esse facto.

O Pior do jogo

Aqui tenho que destacar Wayne Rooney. Complicou sobremaneira a vida à sua selecção, depois de mais um acto irreflectido, ao calcar Ricardo Carvalho, mesmo nas barbas do árbitro. Significativa das dificuldades que iriam esperar os ingleses, foi a atitude de Gary Neville, que logo que foi exibido a cartão vermelho ao jovem atacante, correu na direcção do banco, berrando com Beckham, para que este, na qualidade de capitão de equipa desse um raspanete ao jogador.



O Arbitro

Completamente despercebido. Neste jogo Horácio Eliozondo confirmou que é um dos melhores árbitros a actuar no torneio. Apenas quatro amarelos, dois para cada lado, e um vermelho, todos justificados. Passou ao lado das pressões da imprensa inglesa, que queriam fazer dos jogadores portugueses uns bárbaros batoteiros.



O Resto da jornada.

Alemanha-Argentina


Os quartos de final começaram na sexta-feira, com o Alemanha-Argentina e o Itália-Ucrânia.
O primeiro jogo pôs frente a frente dois campeões mundiais, e grandes candidatos à vitória final, reavivando a final do Itália 90, daí ter sido considerado como uma final antecipada. Este foi um dos jogos mais tácticos destes quartos, pois na primeira parte apenas houve uma oportunidade clara de golo, a pertencer aos anfitriões, com Ballack a cabecear não muito longe da baliza de Abbondanzieri. A Argentina entrou expectante e a jogar no erro dos alemães, erro esse que apenas se veio a verificar no reinicio da partida, quando Klose não acompanhou Ayala na sequencia de um pontapé de canto, permitindo ao defesa argentino chegar primeiro e abrir o activo. O mais interessante é que o remate do golo foi o primeiro efectuado pelos argentinos em toda a partida. Pekerman surpreendeu um pouco ao fazer entra Tevez para o lugar de Saviola e ao não ter feito entrar Léo Messi nem um minuto dos 120 disputados. Os argentinos, com mais posse de bola, não foram tão eficazes como tinham sido contra a Servia e Montenegro, e a um quarto de hora do fim da partida, o treinador tentou guardar a vantagem, fazendo entrar Cambiasso para o lugar de Riquelme, tirando assim o pouco de criatividade que o meio campo sul americano tinha demonstrado. Naturalmente houve um recuo dos argentinos, muito bem explorado por Klinsmann, que antes desta substituição já tinha feito entrar Odonkor para o lugar de Scheneider, dando mais profundidade ao lado direito alemão, para depois fazer entrar Borowski para o lugar do Schweinsteiger. A Alemanha passou a dominar e a pressionar mais perto da baliza de Léo Franco, que entretanto tinha substituído o lesionado Abbondanzieri, e a 10 minutos do fim dos 90, Klose faz a igualdade. Jogada de Ballack pela esquerda, centrando para o centro da área onde Borowski desvia, encontrando no caminho Klose, que fuzila por completo o desamparado Franco. O jogo ia para prolongamento, mas antes disso Lucho Gonzales, teve uma boa oportunidade para desfeitear Lehmann, no entanto a jogada seria invalidada por fora de jogo de Tevez. No prolongamento nada de relevante, tendo-se seguido a lotaria das grandes penalidades, com a curiosidade de nenhuma equipa ter ainda perdido nesta forma de desempate. A sorte sorriu aos alemães, que mais frios conseguiram apontar 4 grandes penalidades contra duas dos argentinos. Ayala, o marcador do golo sul-americano e Cambiasso, falharam para os alvicelestes.
No fim grande confusão, com os argentinos a travarem-se de razões com os responsáveis alemães, sem no entanto se saber bem porquê. Deste desentendimento, Cufre saiu expulso, por ter agredido o alemão Mertesacker.

Itália-Ucrânia

Os italianos, acusados de pôr em pratica o catennacio, golearam a estreante Ucrânia. O resultado final foi de 3-0 com os italianos a adiantarem-se no marcador logo aos 6 minutos apontado por Zambrotta. Os ucranianos foram uns dignos vencidos, e nunca baixaram os braços, tendo estado muito perto da igualdade aos 50 e aos 57 minutos, através de remates de Gusin. Os estreantes viram a vida mais complicada, quando na sequência de uma jogada perigosa, que levou Buffon a tirar a bola encima da linha de golo, viram o contra-ataque venenoso, acabar em golo. Foi aos 59 minutos e o autor foi Luca Toni, que assim se estreia a marcar na competição. Aos 69 minutos a Itália matou o jogo, em mais um excelente de Zambrotta, que arrancou da esquerda, dando depois a Toni a oportunidade de bisar, precisando apenas de encostar para o fundo das redes do desamparado Shovkovskyi.
Os jogadores italianos cumpriram a promessa e dedicaram a vitória a Gianluca Pessoto, ex-internacional italiano que na passada terça feira caiu de um segundo andar, nos escritórios da Juventus, local de trabalho do ex-jogador, estando no ar a tentativa de suicídio. Na volta de honra ao Estádio de Hamburgo, os jogadores da Azzurra sustentaram uma bandeira onde podia ler-se: Pessottino siamo com te (Pessotto estamos contigo.)
Com esta vitória, a Itália atinge a oitava presença em meias-finais da competição, e vai defrontar a Alemanha, procurando assim o tetra, depois de já ter vencido em 1934, 1938 e 1982.

Brasil-França

Deste jogo sairia o adversário de Portugal nas meias-finais da competição. E contra todas as contas, o adversário será a França.
Os velhinhos, como a imprensa gaulesa catalogou os seus seleccionados, deram uma lição de futebol aos brasileiros, com o avô Zidane na batuta. O jogador, que já anunciou o fim da carreira quando acabar o campeonato do mundo, quer chegar a Berlim e se possível fechar com chave de ouro, uma carreira já de si, bem brilhante. Quanto ao jogo, propriamente dito, apenas uma equipa esteve em campo e essa foi a França. O Brasil foi uma sombra de si próprio, como alias em todos os jogos já disputados, e não foi capaz de criar uma única jogada de perigo em todo o primeiro tempo. A França ia-se chegando a frente e acreditando que num rasgo de sorte poderia bater esta fraquíssima selecção brasileira, que deixou a impressão de que, caso tivesse um grupo mais experiente, teria ficado logo por ali…. Ronaldo não apareceu, Ronaldinho terá ficado em Barcelona? Kaka só jogou contra a Croácia? São enigmas que cabe agora a Parreira e companhia em conjunto com a imprensa e os 180 milhões de brasileiros, desvendar.

No segundo tempo, a Franca entrou decidida a marcar e Henry deixou o aviso logo na reabertura, ao cabecear um tudo-nada ao lado da baliza de Dida. Mas ao minuto 57 acertou mesmo. Livre apontado por Zidane da esquerda do ataque gaulês, Toda a gente a fugir para o centro da área e esqueceram-se de Henry que completamente sozinho apareceu na cara de Dida, batendo-o inapelavelmente. O Brasil esboçou uma ténue reacção, mas foi a França que poderia ter sentenciado o encontro, tivesse Ribery aproveitado a situação que teve aos 69 minutos, quando apareceu sozinho na cara de Dida. Até ao fim apenas um remate perigoso de Ronaldo de fora da área, mas bem controlado por Barthez.

Assim a França consegue chegar novamente às meias-finais, onde vai defrontar Portugal, procurando um lugar na final de 9 de Julho em Berlim.
Os brasileiros voltam para casa, cabisbaixos, e de certeza à procura de explicações para tamanho eclipse de uma selecção que contem dos melhores executantes da modalidade. Ao fim de 11 jogos o Brasil volta a perder um jogo num Mundial, depois de ter sido derrotado em 1998, na final do Mundial de França e por esta mesma selecção gaulesa.
Para registo, desde 1990, que os canarinhos não caíam numa fase adiantada da prova, tendo na altura sido derrotados pela Argentina nos oitavos de final, por 1-0 com golo de Caniggia a 10 minutos do fim da partida.